A distância é uma forca que nos tira o ar.
Longe de mim não a sinto comigo.
Como disse Drummond, quero que todos os dias do ano, todos os dias da vida, de meia em meia hora, de 5 em 5 minutos, me digas: eu te amo.
Ouvindo-te dizer: eu te amo, creio, no momento, que sou amado. No momento anterior e no seguinte, como sabê-lo?
A distância nos tira as certezas.
E nós precisamos ou necessitamos saber se somos amados a cada instante.
Tudo porque amor é chama e como tal precisa do ar para se manter vivo.
O mesmo ar que a distância nos tira.
A mesma incerteza que nos consome e que sufoca o coração, que nos mata um pouquinho a cada minuto, é a ausência dos olhos, a falta do cheiro, o silêncio das palavras, a falta do eu te amo.
Ah se pudéssemos transformar a distância em chuva de amor e nos molharmos nela como se fôssemos meninos arteiros.
Pegar um resfriado desse amor em fartura caindo sobre nós como uma torrente.
Amor contamina, corrói, mata na distância.
Eu agonizo no horizonte.
Eu morro agora.
Mas o amor está comigo e sempre estará.